6º Encontro Goiano de Saúde Mental reforça integração entre Universidade Federal e a Gerência de Saúde Mental do Estado

Por Jayme Leno

Entre os dias 8 e 10 de outubro, o Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia, recebeu o 6º Encontro Goiano de Saúde Mental, uma parceria entre a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG) e a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), por intermédio do grupo interdisciplinar de pesquisa e intervenção em saúde mental da unidade (RECUID/FEN). Com o tema “Fazer juntos para cuidar melhor”, o encontro, realizado a cada dois anos, contou nesta edição com mais de 600 inscritos, um crescimento de 50% em relação ao anterior, ocorrido em Pirenópolis (GO).

A líder do grupo RECUID e coordenadora do evento, professora Camila Caixeta, destacou a pluralidade de atividades do encontro, que reuniu uma ampla diversidade de públicos e ações. “Nós tivemos conferências, oficinas, apresentações de trabalhos orais, além da participação dos usuários dos serviços de saúde mental, reuniões e debates sobre a política de saúde mental, boas práticas e o fortalecimento dos serviços da rede de atenção psicossocial”, afirmou. A docente ressaltou que o evento busca integrar conhecimento, cuidado e política, incorporando também expressões culturais e iniciativas de economia solidária, como feiras de artesanato, mostras e debates de filmes sobre a temática.

Para Camila, “a importância de fazer esse evento é que a gente consegue colocar, em um único espaço e em três dias, diferentes segmentos que militam pela saúde mental, pelo cuidado em liberdade e de qualidade, com políticas públicas mais fortalecidas”. A proposta, segundo ela, é fomentar o diálogo entre universidade, serviços públicos e comunidade, fortalecendo o compromisso coletivo com o cuidado humanizado e a promoção do bem-estar psicossocial.

Gerente de Saúde Mental da SES-GO, integrante da presidência da organização e professora da FEN/UFG, Nathália Silva ressalta que o encontro cumpre um papel essencial na qualificação dos profissionais que atuam nos serviços públicos. Segundo ela, “quanto mais qualificados esses profissionais estiverem, melhor é o acesso dos usuários e mais efetivas são as atividades desenvolvidas para o tratamento e o cuidado”. Nathália enfatiza que não basta apenas garantir a existência dos serviços — é preciso que as equipes compreendam profundamente as práticas e os princípios que sustentam o cuidado em saúde mental, de modo a promover uma atenção mais humanizada e eficaz.

 Centros de Atenção Psicossocial

O evento contou com a presença de estudantes de diferentes áreas, usuários dos serviços, representantes da justiça, da assistência social e de movimentos sociais. A participação dos usuários foi destacada como um dos pontos centrais da edição, reforçando a perspectiva de cuidado em liberdade e a valorização do protagonismo das pessoas em sofrimento psíquico.

Para Vanete Rezende, presidente da Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Goiás, o encontro simboliza resistência e união. Ela ressalta que momentos de troca de conhecimentos como este fortalecem muito sua luta diária por respeito e atendimento de qualidade, afirmando que “trancar não é tratar”.

Nathália também destaca o impacto transformador do evento na rotina dos profissionais e usuários. “Esse encontro mobiliza muito os participantes, que voltam aos serviços cheios de ideias criativas e novas formas de compreender e atuar com o cuidado”, explica. Além de reunir profissionais de CAPS, hospitais, unidades básicas de saúde e centros de convivência, o evento envolve também representantes da assistência social, da justiça e da academia, reforçando a natureza intersetorial da saúde mental.