Integração entre FEN-UFG e SAMU Goiânia fortalece formação em enfermagem e qualifica atendimento à população

Por Jayme Leno

A parceria entre a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN-UFG) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Goiânia tem se consolidado como uma experiência fundamental tanto para a formação acadêmica quanto para a qualificação do atendimento. Estágios supervisionados, projetos de capacitação e participação ativa nos processos de gestão colocam os estudantes em contato direto com a complexidade do atendimento pré-hospitalar e, ao mesmo tempo, oferecem ao serviço a contribuição de profissionais em formação atualizados e comprometidos.

Para a professora Dr.ª Jacqueline Leão, diretora geral do SAMU Goiânia desde maio de 2025 e responsável pela integração, a presença dos estudantes trouxe impacto direto na reestruturação do serviço. “Os alunos têm me auxiliado na reorganização do SAMU. Além do apoio estratégico na gestão, ressalto também as ações integradas de capacitação em urgência e emergência junto ao NEP (Núcleo de Educação Permanente) do SAMU, bem como a participação dos estudantes em projetos educativos que fortalecem o elo entre ensino, pesquisa, assistência e gestão”, destaca.

O acolhimento das estagiárias também foi cuidadosamente estruturado para garantir uma inserção gradual e efetiva. Logo no início, as estudantes são apresentadas à estrutura administrativa, aos protocolos e fluxos do serviço, para depois avançarem para a prática assistencial. Esse modelo, segundo a docente, assegura uma compreensão global do funcionamento do trabalho, fortalece o compromisso dos discentes com a qualidade do cuidado e garante uma atuação segura e qualificada. 

Vivência prática e amadurecimento profissional

As alunas do 10º período da FEN relatam que o estágio no SAMU ampliou a compreensão sobre o papel do enfermeiro e reforçou a importância da integração ensino-serviço. Roberta Rosa relata que participar da reestruturação dos protocolos necessários para a qualificação do atendimento prestado à população foi muito significativo para ela. “Além disso, ao acompanhar as ocorrências, foi possível compreender de forma mais ampla as demandas existentes na ponta do atendimento, conectando a prática assistencial à realidade cotidiana do serviço”, completa.

Ela ressalta que durante sua graduação, já havia tido contato com a área de urgência e emergência por meio da participação na Liga Acadêmica de Urgência e Trauma (LUTE), o que despertou nela o desejo de vivenciar de forma prática a realidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. “Ter a oportunidade de realizar o estágio no SAMU, enquanto discente da FEN, foi extremamente enriquecedor tanto para minha vivência pessoal quanto para minha formação profissional, ampliando meus conhecimentos e fortalecendo minhas habilidades técnicas e relacionais”, afirma.

Anny Caroline também destacou a experiência que teve no local, que lhe proporcionou aprendizados significativos tanto na assistência quanto na gestão em enfermagem. Para ela, o estágio mostrou a importância da cooperação entre os diferentes profissionais da equipe, já que a qualidade do atendimento pré-hospitalar depende de uma atuação conjunta e organizada. “Aprendi que para ser um bom gestor é preciso entender a base do serviço, trabalhar em equipe e contar com pessoas de confiança que tragam as informações certas para promover melhorias”, afirmou. 

A discente acrescenta que a experiência a deixou mais preparada para atuar tanto na assistência pré e intra-hospitalar quanto na gestão: “No APH precisamos preparar tudo para cuidar do paciente, e isso me fez sair do SAMU mais preparada para o mercado de trabalho, porque a assistência nunca caminha sozinha, a gestão sempre estará junto.”

Déborah Carla, por sua vez, enfatiza o impacto humano do estágio e como a experiência no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência marcou sua formação. Para ela, estar em um serviço estratégico para a saúde pública possibilitou compreender a complexidade do atendimento pré-hospitalar em diferentes frentes, desde a Central de Regulação até as ocorrências nas viaturas. “Cada dia era um novo desafio, que exigia rapidez, técnica e, ao mesmo tempo, sensibilidade para lidar com pacientes em situações de extrema vulnerabilidade”, relata. 

Entre os maiores aprendizados, destaca que foi além da técnica, compreendendo a relevância do cuidado humanizado mesmo em cenários críticos. “A escuta sensível e a presença ativa do enfermeiro fazem toda a diferença. Aprendi também sobre liderança, trabalho em equipe e desenvolvi maturidade emocional para lidar com perdas, incertezas e os limites do cuidado”, afirma. Momentos como acompanhar seu primeiro atendimento de trauma ou participar do transporte de um paciente para doação de órgãos foram decisivos para reafirmar sua escolha pela área e reforçar seu desejo de atuar no atendimento de urgência e emergência.

Benefícios mútuos e perspectivas

Segundo Dr.ª Jacqueline Leão, a integração entre a FEN-UFG e o serviço de Atendimento gera benefícios concretos tanto para o ensino quanto para o atendimento. De um lado, os estudantes vivenciam cenários complexos que envolvem assistência direta, gestão, planejamento e organização do serviço; de outro, o SAMU se renova com a presença de profissionais em formação que trazem conhecimento atualizado e comprometimento com a qualidade do atendimento. “Os alunos trazem um olhar atualizado e comprometido, o que impacta positivamente a equipe e melhora a qualidade do atendimento prestado à população”, explica.

A professora destaca que a experiência contribui para desenvolver raciocínio clínico, habilidades técnicas e competências de liderança e coordenação que dificilmente seriam alcançadas em outros campos de estágio. Essa vivência prática, ao mesmo tempo em que prepara enfermeiros mais completos para o mercado de trabalho, fortalece também a equipe do serviço de atendimento. Apesar dos ganhos, Jacqueline reconhece desafios, como a necessidade de manter supervisão adequada e alinhar expectativas, especialmente quando os estudantes são inseridos em processos administrativos e de gestão. 

Quanto ao futuro, a perspectiva é de expansão. Os planos incluem consolidar e ampliar a participação dos estudantes tanto na gestão quanto na assistência, aumentar vagas de estágio na graduação, pós-graduação e residência, criar oportunidades de estágio extracurricular com bolsa e intensificar projetos de pesquisa e extensão. Esse movimento, segundo a diretora geral, tende a fortalecer ainda mais a formação das futuras enfermeiras e enfermeiros e qualificar o atendimento prestado à população, mostrando como a articulação entre ensino e serviço pode transformar de forma efetiva tanto a prática profissional quanto a assistência em saúde.