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Setembro Amarelo reforça importância do cuidado contínuo com a saúde mental

Atualizada em 24/09/25 14:12.

Professor Douglas José Nogueira destaca que a prevenção ao suicídio deve ser pauta permanente na UFG e relata como a FEN atua no acolhimento e apoio aos estudantes

Por Jayme Leno

O Setembro Amarelo é reconhecido em todo o Brasil como o mês de prevenção ao suicídio, mas, para o professor Douglas José Nogueira, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG), a reflexão sobre saúde mental deve ultrapassar os limites de uma campanha. “O sofrimento diante de uma dor psíquica intensa, combinada com a percepção de ser um fardo e com um profundo senso de desesperança, não pode ser visto como um problema sazonal. Precisamos ficar comprometidos com esse tema todos os dias do ano”, afirma.

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Professor da UFG, Douglas José Nogueira, fala para servidores da saúde sobre assistência às pessoas em sofrimento mental. Foto: Iron Braz

Com experiência em enfermagem psiquiátrica e saúde mental, Nogueira ressalta que os desafios no ambiente acadêmico são complexos. Segundo ele, os estudantes chegam à universidade já expostos a fatores de risco como diagnósticos prévios de transtornos mentais, histórico familiar de adoecimento, isolamento social, baixa autoestima ou instabilidade familiar. “Não podemos mudar a história de vida pregressa do estudante, mas podemos construir uma nova história fundada no acolhimento, no fortalecimento da resiliência e no atendimento precoce”, destaca.

Entre as iniciativas que contribuem para esse cuidado, o professor coordena o Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (ENaSaM-U), voltado a estimar a prevalência e a incidência de transtornos mentais em discentes, docentes e técnicos de instituições públicas brasileiras. A expectativa é que os resultados orientem políticas de apoio e ampliem a compreensão das questões relacionadas à saúde mental no meio acadêmico.

Na FEN, a prevenção ao suicídio se dá no cotidiano, seja nas aulas teóricas e práticas, seja na convivência entre professores, estudantes e técnicos. Atividades culturais e esportivas, bolsas de apoio estudantil, acolhimento aos calouros pela Coordenação de Assuntos Estudantis (CAE) e encaminhamentos para serviços especializados, como o Saudavelmente ou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), fazem parte desse esforço. “As ações estão mais próximas do ensino, mas também temos buscado ampliar a discussão para a pesquisa e a extensão”, explica.

Setembro Amarelo
Mulher deprimida tendo sessão de acompanhamento. Fonte: freepik

Para ele, a universidade tem papel essencial no fortalecimento da rede de apoio social. “É praticamente impossível desconsiderar que a loucura empobrece e a pobreza enlouquece”, afirma, ao defender que o cuidado integral precisa considerar fatores socioeconômicos que impactam diretamente a qualidade de vida da população.
Nogueira também enfatiza a importância de humanizar as relações no ambiente acadêmico. “O pedido de escuta do estudante nem sempre acontece na sala de aula. Muitas vezes, a conversa surge na cantina, no corredor ou no estacionamento. O importante é mostrar que nos importamos com o outro”, observa. Para ele, é nesse exercício cotidiano de vínculo e acolhimento que se constrói um ambiente de cuidado e pertencimento.

Ao refletir sobre o Setembro Amarelo, o professor deixa uma mensagem clara: “Não podemos descuidar do que nos é mais caro: nossa comunidade. A saúde mental é responsabilidade de todos nós, de janeiro a janeiro”.

Fonte: Comissão de comunicação FEN-UFG

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