Celebrar a história é eternizar e reconhecer os esforços que construíram o presente

Por Jayme Leno

Enfermagem é o encontro diário entre a ciência do cuidado e a arte da empatia — uma profissão onde cada gesto pode significar alívio, esperança e vida. Embora mereça ser celebrada todos os dias, é no mês de maio que essa homenagem ganha força. No dia 12, comemora-se o Dia Internacional da Enfermagem, data que marca o nascimento de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna. Para celebrar essa profissão, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG) promoveu, na última semana, de 7 a 9 de maio, uma programação especial de grandes eventos.

As realizações fazem parte da programação criada pela comissão organizadora da FEN para comemorar os 50 anos da unidade acadêmica. Foram realizados, nesse momento, o I Encontro Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade; os 30 anos do Programa de Educação Tutorial (PET FEN); e a entrega de certificados de honra ao mérito aos egressos que fazem a diferença na sociedade, além de diversas atividades, como seminários, mesas-redondas e oficinas.

A diretora da casa, Camila Caixeta, ressalta que “esse momento é, sem dúvida, histórico — não apenas por nos reunirmos para três eventos de tamanha relevância em um mesmo espaço de diálogo, mas por simbolizar a maturidade, a força e o compromisso de uma trajetória construída, principalmente, com dedicação, ciência e muita sensibilidade. É a celebração dos 50 anos da Faculdade de Enfermagem e o reconhecimento do protagonismo da enfermagem na construção de um sistema de saúde mais humano, equitativo e baseado no conhecimento.”

 

As comemorações foram viabilizadas por meio do edital de apoio a eventos da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE/UFG), que tornou possível sua concretização. A diretora executiva, Sandramara Matias, ressaltou o orgulho da fundação em incentivar iniciativas como esta, que homenageiam uma trajetória marcada por luta, resistência e grande relevância social. “Parabéns à Faculdade de Enfermagem pelos seus anos, felicitações ao PET Enfermagem e à comissão organizadora por esta realização”, comentou a diretora.

A pró-reitora adjunta de Graduação e diretora de Desenvolvimento do Ensino, Heliny Carneiro, carrega em sua trajetória uma profunda conexão com a FEN. Sua história com a unidade começou em 2002, quando ingressou no curso de Enfermagem. Desde então, trilhou um caminho acadêmico sólido, concluindo o mestrado e o doutorado na própria faculdade, até se tornar parte do corpo docente. “Como egressa dessa faculdade, a minha história começou aqui”, afirma. Para ela, estar hoje em um cargo de gestão na universidade e retornar à FEN para celebrar seus 50 anos é motivo de orgulho e pertencimento.

 

Ela destaca que fazer parte dessa história é reconhecer todas as conquistas e desafios vividos ao longo das décadas, valorizando a contribuição de cada pessoa que passou pela unidade — sejam estudantes, professores ou aqueles que lutaram para a criação da Faculdade de Enfermagem no âmbito da UFG. “Cada um tem um lugar de importância nessa história”, ressalta. Para Helyne, a celebração do cinquentenário é também um momento de reafirmar o papel essencial da FEN para a universidade, para a sociedade, para o Brasil e para o mundo.

PET

O programa celebra, neste ano, três décadas de atuação. Criado em 1995, o PET se consolidou como um espaço fundamental para a formação acadêmica ampliada de estudantes de Enfermagem, promovendo a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. Camila comenta a honraria de ter a presença do PET na vida da unidade. “Celebrar 30 anos do PET é reafirmar a importância da educação tutorial como instrumento de fortalecimento da formação acadêmica, do espírito investigativo e do exercício da cidadania. O PET tem sido um espaço fértil para o florescimento de ideias, para o desenvolvimento de lideranças e para o estreitamento dos laços entre ensino e extensão”, discursou.

 

Atualmente sob a coordenação do professor Hélio Galdino, o programa reforça seu compromisso com a educação. Ao longo das últimas décadas, ele tem sido um catalisador de experiências que unem conhecimento técnico-científico, cidadania e cultura. “É um programa que integra ensino, pesquisa e extensão e, dessa forma, contribui com a formação de enfermeiros”, explicou Hélio. Segundo ele, a proposta do PET vai além do currículo tradicional: “uma formação ampliada, uma formação que agrega cidadania, cultura e conhecimento técnico-científico na formação dos enfermeiros”.

Mais do que um projeto acadêmico, o PET FEN é também um espaço de pertencimento e construção coletiva. Ao incentivar iniciativas que dialogam com as demandas sociais, o programa reforça o papel da universidade pública como agente transformador. Celebrar os 30 anos do PET é reconhecer o impacto de uma trajetória comprometida com a excelência na formação e com a transformação da realidade por meio do conhecimento.

 

Egressos

Encerrando a semana de grandes eventos da programação de comemorações pelos 50 anos da Faculdade de Enfermagem da UFG, o último ato prestou homenagem aos egressos — profissionais que ajudaram a construir a história da instituição e que hoje ocupam posições de destaque na saúde pública e nas lutas políticas da categoria. Foi um momento de reencontro, emoção e reconhecimento pela formação recebida e pelos vínculos afetivos e profissionais que seguem vivos mesmo após décadas da conclusão do curso.

 

A enfermeira Marta Calatyud, mais conhecida como Martinha, é um exemplo dessa trajetória contínua de dedicação à enfermagem. Com 34 anos de atuação no SUS, ela atualmente preside a Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Goiás, e emocionou-se ao lembrar da importância da FEN em sua vida e na de sua filha, também egressa da instituição. “Tudo o que somos na profissão de enfermagem devemos a essa faculdade. Então, é com muita felicidade, com muita honra que participamos hoje dessa celebração dos 50 anos da nossa Faculdade de Enfermagem”, declarou.

 

A celebração contou com ex-discentes que iam desde a primeira turma, como Célia Santos, até a mais recentemente formada, como Emilly Souza. Olívia Silva, integrante da segunda turma de Enfermagem, ainda na época em que o curso era vinculado à Faculdade de Medicina, relata como estava feliz por voltar e ver o quanto a unidade evoluiu desde sua estadia como estudante. Ela relembrou a atuação estudantil e a luta pela criação da unidade própria: “A FEN foi bandeira de lutas da nossa turma do movimento estudantil. Hoje eu me sinto emocionada, alegre, feliz e realizada”, comentou.