Comemoração dos 45 anos da Faculdade de Enfermagem/UFG
No dia 26/06/2020 comemorou-se os 45 anos da Faculdade de Enfermagem/UFG e em celebração à data foi feita uma cerimônia de homenagem a FEN e FANUT com a inauguração do Espaço de Alimentação e Integração "Gratisimum".
O evento contou com a presença da diretora e vice- diretora da FEN, Profª Drª Claci Fátima Weirich Rosso e Profª Drª Luana Cássia Miranda Ribeiro e diretora e vice-diretora da FANUT, Profª Drª Ana Tereza Vaz de Souza Freitas e Profª Drª Thaísa Anders Carvalho Souza. Além disso o evento foi transmitido online para que toda a comunidade acadêmica pudesse participar.
E para relembrar um pouco da história da FEN e também da cerimônia feita, abaixo segue o discurso de uma aluna da primeira turma de Enfermagem na FEN/UFG, Profª Drª Lizete Malagoni de Almeida Cavalcante Oliveira.
"Bom dia a todos os presentes, virtual e presencialmente! Cumprimento a todas as minhas colegas de mesa!
É uma grande honra e um prazer maior ainda que hoje participo dessa comemoração! Momentos como esse são muito importantes, pois histórias que não são contadas vão se perdendo no tempo, pouco a pouco... e cada fato da história tem papel relevante para a conformação do presente.
Como já foi mencionado, o curso de Enfermagem foi criado na UFG em 1975, o que nos permite comemorar seus 45 anos agora, em 2020. Naquela época, só havia a Escola de Enfermeiras do Hospital São Vicente de Paulo, que, mais tarde tornou-se o Curso de Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Portanto, nossa escola tem importante papel no pioneirismo da formação de enfermeiros no Centro-Oeste do país.
O curso foi criado, juntamente com o de Nutrição, abrigado no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFG. Em 1977, por solicitação da Irmã Presciliana Conceição de Araújo, que era Presidente do Colegiado dos Cursos de Enfermagem e Nutrição, viramos Departamento de Enfermagem e Nutrição da Faculdade de Medicina da UFG. Quatro anos depois, em 1981, fomos oficialmente desligados da Faculdade de Medicina e passamos a constituir a Faculdade de Enfermagem e Nutrição da UFG, que ganhou sua sede própria em 1990. Os dois cursos permaneceram juntos, na mesma unidade acadêmica, até o ano de 1996, quando foram separados em Faculdade de Enfermagem e Faculdade de Nutrição.
A primeira turma ingressou no início de 1976. Éramos 40 alunas, a maioria muito jovem, ávida por novidades e sem muita experiência... Fomos acolhidos pela Irmã Presciliana Conceição de Araújo, que nos tomou como “filhas” e nos conduziu como uma “mãe” durante todo o nosso processo de formação. Era ela quem lutava por vagas para nós nas disciplinas do básico e garantia que nossa formação não sofresse qualquer atraso por falta de vagas em disciplinas obrigatórias. Na maior parte delas, fomos aceitos em turmas destinadas a alunos de Medicina e, quando isso não foi possível, ela “brigou” para que uma nova turma fosse criada especialmente para nós, mesmo que as aulas ocorressem no horário noturno e em prédio do campus Samambaia, em uma época em que o transporte coletivo para aquela região não circulava à noite e nem havia iluminação no local. Ela não se intimidou e conseguiu uma “jardineira” amarela, semelhante àquelas que a gente vê em filmes, para nos levar e trazer de volta à praça universitária no final das aulas.
Ela também nos poupava dos detalhes sórdidos embutidos na história... como quando ela foi subitamente substituída no cargo de Presidente do Colegiado dos Cursos de Enfermagem e Nutrição pelo Prof Geraldo Brasil, sem qualquer aviso prévio... E nós nunca ficamos sabendo por que...
Isso incluía, ainda, o abafamento dos ruídos produzidos nos andares inferiores do prédio onde tínhamos aulas e que abrigavam dependências da Polícia Federal. Quando tais ruídos se tornavam altos o suficiente para se fazerem ouvidos em nossas salas, as professoras eram orientadas a realizar alguma atividade que também envolvesse barulho para que nós, os alunos, não ouvíssemos os sons “indesejáveis” das atividades policiais...
Bem, mas de uma forma bem menos acidentada do que se poderia esperar, nós, as 16 alunas da primeira turma do curso de Enfermagem que não ficaram represadas em disciplinas anteriores, concluímos nosso curso e colamos grau em uma solenidade única, para todos os cursos da UFG, realizada no Ginásio Rio Vermelho, ali da Av. Paranaíba, no dia 28 de dezembro de 1976, paraninfados, todos, por ninguém menos do que Paulo Freire!
Nesse tempo todo, eu só fiquei ausente desta escola e de sua história no período de janeiro de 1980 a julho de 1982, quando ingressei como Professora Substituta da Faculdade de Enfermagem. Depois, em junho de 1983, fui aprovada no 1º concurso público desta escola para admissão de professores do quadro permanente, e aqui estou até hoje, mas não sei até quando...
Esta escola começou enfrentando todas as dificuldades inerentes a esta situação. Naquela época, as enfermeiras eram convidadas para serem docentes do curso, em um processo meio que de “bola de neve”, em que um indica o outro, que indica outro e assim por diante. E elas eram admitidas como professoras colaboradoras, isto é, não pertenciam ao quadro de docentes permanentes da UFG. Acho que somente por volta de 1982, todas elas foram efetivadas no cargo de Professor Assistente.
Eram tempos de escassez de profissionais enfermeiros e havia uma única doutora em enfermagem no estado e, quiçá, na região! A Profa. Madge Lima Leite, com sua visão ampliada, conseguiu a criação de um curso de Mestrado em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e, de uma única leva, conseguimos conferir o título de Mestre em Enfermagem a dez dos docentes do curso de Enfermagem nos anos de 1990 e 1991. A partir daí, nossos professores começaram a buscar sua qualificação como Doutores.
Em 2003, já com um quadro consolidado de doutores, conseguimos criar nosso Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - nível Mestrado e, sete anos depois, em 2010, começamos o nível Doutorado. Nosso Programa é um dos 5 ou 6 programas de pós-graduação da UFG que conseguiu o conceito 5 junto à CAPES e detém 80% das bolsas de produtividade do CNPq da Região Centro-Oeste. Já formamos cerca de 250 Mestres e 50 doutores em Enfermagem, tendo importante papel na qualidade dos serviços de saúde prestados à nossa população.
Portanto, posso dizer que, de uma forma ou de outra, mais ou menos envolvida, faço parte da história dessa escola! E, para mim, é uma grande honra e um prazer maior ainda poder dizer isso!
Vi essa escola nascer, crescer e se tornar essa gigante que é hoje! Participei de todos os seus momentos mais significativos, senti cada derrota na própria pele e me congratulei com cada vitória... E olhem que não foram poucas! Isso cria lastro! Essa escola é minha também! E me sinto extremamente apropriada quando digo que não posso aceitar que falem dela, a não ser para exaltá-la! Essa casa me formou e me deu tudo que tenho! Por isso, só posso dizer “PARABÉNS, FEN” e “MUITO OBRIGADA”!
Fonte: Comissão de Comunicação
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