Especialização em saneamento e saúde ambiental atrai 500 estudantes
Curso a distância com foco na promoção do bem-estar de comunidades rurais atraiu estudantes de 19 estados
Michele Martins
Na manhã desta segunda-feira (11/02), a primeira turma de especialização em Saneamento e Saúde Ambiental Rural, na modalidade a distância, formada por 500 estudantes oriundos de 19 estados do Brasil, reuniu-se no Centro de Cultura e Eventos Prof. Ricardo Freua Bufaiçal, no Câmpus Samambaia da UFG, para a aula inaugural. De acordo com a coordenadora, professora Luana Cássia Miranda Ribeiro, o curso foi pensado para qualificar profissionais de diferentes áreas de formação a cerca da saúde e do saneamento. “Nosso papel é contribuir para que estas pessoas estejam mais preparadas para enfrentarem os desafios na área de meio ambiente. É um tema que está muito em voga e que precisamos trabalhar mais”, disse.
Com carga horária de 360 horas, no decorrer dos 18 meses ocorrerão outros quatro encontros presenciais em unidades da UFG. O curso compõe uma das etapas do projeto Sanrural, que visa promover conhecimento acerca das condições de saneamento e saúde ambiental em 45 municípios do estado de Goiás que possuem comunidades rurais e tradicionais. Um dos estudantes presentes foi o químico industrial Daniel Mendes. Morador de Goianésia, em Goiás ele possui experiência profissional na iniciativa privada e como professor do Instituto Tecnológico do Estado de Goiás. Para o estudante, “a expectativa é ampliar seu aperfeiçoamento em atividades de tratamento de água e monitoramento ambiental” e citou a “possibilidade de que os novos conhecimento derivados do curso possam servir para auxiliar em demandas da comunidade tradicional quilombola que existe em Goianésia”, disse.
(Fotos: Carlos Siqueira)
Por mais sanitaristas
A conferência magna foi ministrada pelo professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp-Fiocruz), Alexandre Pessoa Dias, com o tema: Saneamento e saúde ambiental e sua promoção no bem-estar das comunidades. Ele defende o papel estratégico da atuação dos sanitaristas como uma necessidade no Brasil. “Existe uma demanda reprimida enorme: precisamos de pedagogos sanitaristas, engenheiros sanitaristas, arquitetos sanitaristas, biólogos sanitaristas, cientistas sociais sanitaristas… O adjetivo sanitarista é uma necessidade neste país”, destacou.
Para o professor, o entendimento sobre a problemática do saneamento no Brasil deve ser pautado por uma agenda mais ampla e positiva, cujo ponto de partida é a promoção da saúde e não a prevenção das doenças. “Se ficarmos no modelo hospitalocêntrico não vamos conseguir superar os desafios do saneamento e nem reconhecer as suas potencialidades. Saneamento é gerador de renda, é potência de organização comunitária, é capaz de associar saúde, produção agrícola e uso racional das águas. Se só focarmos no sentido negativo, não envolveremos as populações. Acredito que neste curso vocês podem aproveitar o conhecimento e experiências que vocês já possuem para servir de ponto de partida para avançar no estado da arte desse processo”, defendeu Alexandre Pessoa.
Outro grande desafio apontado pelo professor é tornar as questões de saneamento e de saúde pública indissociáveis uma da outra, principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias sociais em saneamento. Um caso de tecnologia social muito bem-sucedida, de acordo com o professor, são os filtros de barro: “Trata-se de uma inovação genuinamente brasileira, cuja tecnologia foi desenvolvida pelos indígenas. Estamos fazendo pesquisas e é impressionante que constatamos a redução de bactérias e de parasitoses por meio dessa tecnologia eficiente e que está entrando em desuso”, alertou o professor.
Autoridades presentes
Compareceram à abertura oficial do curso representantes da comunidade acadêmica das áreas de saúde e engenharia, como o pró-reitor de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Jerônimo Rodrigues da Silva, a diretora da Faculdade de Enfermagem da UFG, Claci Fátima Weirich Rosso, o diretor e o vice-diretor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental respectivamente, Frederico Martins Alves da Silva e Paulo Sérgio Scalize, a diretora do Centro de Aprendizado em rede da UFG, Marília de Goiás, o pró-reitor de pós-graduação da UFG, Laerte Guimarães Ferreira Jr. e o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil.
Estiveram presentes ainda representantes de diferentes instâncias governamentais como da Secretária de Meio Ambiente do Estado de Goiás e da Agência Municipal de Meio Ambiente do município de Goiânia.
Sobre o curso
De acordo com a coordenação, o curso faz parte do projeto Sanrural e atende ao Termo de Execução Descentralizada nº 05, de 14 de novembro de 2017 (TED 05/17) firmado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Fundação de Apoio a Pesquisa (Funape).
Esse curso objetiva promover o acesso ao conhecimento relacionado a práticas de saúde e saneamento junto a comunidades rurais a partir da qualificação de profissionais para atuar em ações de promoção da saúde e segurança do saneamento em áreas rurais. Uma das estratégias adotadas pelo curso é promover a integração dos gestores municipais e profissionais das secretarias municipais de saúde, do meio ambiente e do saneamento, além dos líderes locais e membros das comunidades rurais e tradicionais em conformidade com a Política do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Política Nacional de Saneamento, que está em fase final de elaboração.
Mais informações sobre o projeto Sanrural e os cursos oferecidos podem ser conferidos neste link: https://sanrural.ufg.br/
Source: Secom/UFG
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